Resenha: A História de Clarice, de Anna Claudia Ramos #EuLeioMulheres

Bom dia/tarde/noite lindos e lindas! Antes de começar a resenha, quero dar um aviso: eu havia mencionado que iria postar todos os dias, mas cheguei à conclusão que esse método não "funciona" pra mim. Eu tenho alguns posts praticamente prontos, mas o dia que eu tiro pra refletir a postagem e fazer algumas alterações antes de ir ao ar é importante pra mim. Portanto, desconsiderem o aviso do outro post.

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Agora sim, podemos começar.

Neste post eu comentei que a obra de Lygia Bojunga influenciou a escrita de algumas autoras e cheguei a mencionar uma, a Anna Claudia Ramos. Achei valido ler o livro que [a própria autora diz ser] é uma homenagem para A Bolsa Amarela e mais duas histórias.


A História de Clarice conta a história de uma menina de 10 anos que tinha um meio irmão, não tinha pai e tinha uma mãe que abandona os filhos. Esse é apenas o início da história da pequena Clarice, uma narrativa para jovens leitores que se constrói através de bem armada trama intertextual. No cruzamento com outros 3 textos literários (A vendedora de fósforos e O soldadinho de chumbo, de Hans Christian Andersen e A bolsa amarela, de Lygia Bojunga) que se apresentam como leituras à protagonista que não conheceu o amor materno, Clarice simbolicamente vai resolvendo seus conflitos. O texto é também uma declaração de amor da escritora Anna Claudia à literatura e à obra de Lygia Bojunga, sua assumida fonte de inspiração. 
Ano: 2011
Páginas: 64
Idioma: português 
Editora: Editora Projeto
Autora: Anna Claudia Ramos


Os reflexos que vemos d'A Bolsa Amarela são claros: além de o livro ser de grande importância pra o clímax da história, nos deparamos com uma menina cheia de vontades.

Com uma carga emocional muito grande e metade das páginas do já conhecido A Bolsa Amarela, nos deparamos com uma menina que vê o mundo com um pouco menos de magia. Nós nos acostumamos com mães amando seus filhos, e quando nos deparamos com uma incapaz de faze-lo, como no caso da mãe de Clarice, temos uma realidade jogada em nosso rosto que nos obriga a admitir sua existência.

Depois de perder a mãe, Clarice e o irmão vão morar com sua tia Luciana, com quem mantinham pouco contato. Começando deste dia, Clarice pretende não falar mais com ninguém, pois já está cansada de amar as pessoas e elas a deixarem. É a partir da literatura e uma ideia inspirada na Raquel que ela se reconecta com o mundo, descobre coisas sobre si mesma e estabelece uma relação muito sincera e carinhosa com sua tia. A relação das duas e o encontro de gerações que A Bolsa Amarela proporcionou apresenta à menina a sensação de ser amada.

Muitas pessoas, e eu me incluo, dizem que narradores-personagem podem não ser confiáveis, mas desta vez ele nos trás uma visão mais ampla da história. Isto porque a narração é intercalada com os pensamentos da menina: o livro em si é narrado em terceira pessoa, com alguns parágrafos dedicados aos pensamentos de Clarice. Eu achei a ideia fantástica e contribuiu muito pra construir nossa visão da personagem, de quem a tristeza e inseguranças poderiam não aparecer na proporção correta, já que ela não falava com ninguém.

O livro é bem fininho e pode tranquilamente ser lido em apenas um dia. Eu recomendo para todos que gostaram da história de Raquel e querem saber sobre quem ela influenciou, mas não se deixem enganar por ele ser uma homenagem: a história é muito mais tangível e aprendemos coisas em outros aspectos. Enquanto Lygia Bojunga criou um universo fantasioso que se confundia com o real (ou foi o contrário?) Anna Claudia nos apresentas outros conflitos que cercam a vida de uma criança, como ela reage a isso e como ela supera. Vale dizer que apesar de o livro ser aparentemente infantil, por se tratar de depressão podem ter algumas cenas mais impactantes pra quem ler, dependendo de sua visão obre a mesma. 

*Leitura mais que recomendada para os participantes do Eu Leio Mulheres!

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