Se você tem os cabelos crespos/cacheados e gosta de humor com a sua cara e cabelo, provavelmente já viu alguma ilustração dessa moça por aí. Chiquinha retrata através da Kindumba da A.N.A a realidade das mulheres crespas da Angola e do mundo, é muito difícil não se identificar com pelo menos uma.
As ilustrações já foram citadas em um post aqui do blog e acredito que você já as tenha visto por alguma rede social, já que chegou aqui. Mas e a Chiquinha, você conhece? Neste post, você conhecerá um pouco sobre essa mulher talentosíssima e recordar alguns de seus desenhos. E, confesso: foi bem difícil escolher um deles.
BNP: Defina Francisca Nzenze.
Chiquinha: Sou Angolana, tenho 37 anos de idade. Sou uma mulher como outra qualquer. Ás vezes tenho dias bons, outros não. Mas levo a vida adiante da melhor maneira que consigo. Sou casada e tenho dois meninos. Hoje moro em Brasília e sou, além de ilustradora, dona de casa e mãe 24/7!
BNP: A Kindumba da A.N.A surgiu inspirada em experiências próprias e de suas amigas. Qual a atual relação destas com seus desenhos, o que eles acham?
Chiquinha: Em geral as pessoas gostam muito. Independente da idade, sexo ou nacionalidade. Sempre recebo mensagens de incentivo para continuar a desenhar, mensagens de agradecimento por ter encorajado tantas meninas a assumirem o cabelo natural. Mensagens bonitas e positivas.
BNP: Exatamente por serem inspirados em pessoas reais seus desenhos acabam gerando identificação. Já vi desenhos seus usados até mesmo em salas de aula! Como se sente sendo porta voz de muitos dos pensamentos das meninas crespas?
Chiquinha: Sinto orgulho por fazer parte desse universo. Por ser capaz de, através de traços simples, deixar alguém com mais auto estima.
BNP: Teve alguém que te inspirou a ver o quanto o seu cabelo é lindo? O que você diria para as pessoas que estão passando pelo processo de aceitação? Isso te fez mudar?
Chiquinha: As minhas inspirações são muitas e muito variadas. Mas foi principalmente por estar cansada e insatisfeita com os alisamentos químicos que decidi assumir meu cabelo natural. Um cabelo sobre o qual eu tive de aprender tudo. Afinal eu alisava desde os 13 anos, nem mais sabia como era ter cabelo crespo! Hoje estou super feliz com o evoluir da minha jornada capilar e um dia ainda vou ensinar muito mais a muitas meninas que ainda teem dificuldades em lidar com o cabelo crespo.
BNP: Apesar de nos últimos anos mais mulheres terem assumido seus crespos/cachos, ainda há certa resistência por parte das outras pessoas, como vemos retratado em diversas obras suas. Como você lida com esse tipo de situação?
Chiquinha: Eu faço uma parte bem pequenina nessa luta diária por aceitação. Afinal de contas essa é uma luta travada contra gigantes como a TV, a publicidade e a mentalidade de terceiros, que tem como modelos de beleza e perfeição mulheres ocidentais, magras e de cabelos lisos e loiros. Enfim, se as pessoas continuarem a compartilhar as historinhas da kindumba, e se aceitarem como são, eu gostaria de pensar que tive um bom papel nesse cenário. Não é uma tarefa fácil e tem de ser algo continuo..
BNP: Quando você começou a gostar de desenhar? Suas influências mudaram muito desde aquela época?
Chiquinha: Desde pequena eu gosto de desenhar. e sempre que posso sempre que tenho tempo , um papel , uma caneta… até um guardanapo, estou a desenhar! estou agora a frequentar aulas de desenho técnico e espero fazer uma exposição de quadros com temas variados, começando pelo cabelo crespo, meu principal objeto de estudo!
BNP: Você também tem um livro publicado em Angola. Pode nos falar um pouco sobre ele?
Chiquinha: O livro "A minha amiga Propoletra” conta história de um menino muito curioso que descobre uma amiga imaginaria feita de prosa, poesia e letras (a propoletra) que o ajuda a descobrir o mundo através da leitura
Foi publicado em Angola pela NZila.
Quero aproveitar e agradecer à Chiquinha pela entrevista. Sei que os leitores vão adorar, assim como eu, conhecer um pouco mais sobre a mulher por trás da Kindumba da A.N.A. Sucesso!
Ficou curioso e quer conhecer ainda mais os desenhos dela? Acesse (e curta) sua página no Facebook.
Adorei conhecer a história por trás da história !! hehe
ResponderExcluirE todas temos que nos amar como nós somos !!
Bjim
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