Eu me lembro
do primeiro livro que ganhei; ele não é um clássico, nem mesmo clássico infantil
desses tão ostentados como a primeira leitura. Eu conheci por uma propaganda na
lateral de um site, que falava sobre um jogo de Monster High. Ta aí: eu não
comecei com um livro que enche de nostalgia a geração anterior.
Recordo-me
dos dias que se seguiram depois que eu ganhei, só queria que todo mundo
soubesse de sua existência. Minhas colegas de classe começavam a desvendar o
mundo e eu só queria decifrar aquelas paginas tão belas, com as bordas rosa
mais bonitas da minha [atual] estante.
Em algum
momento, eu comecei a ler livros com mais frequência, quase um por dia nas
férias. Aquilo era visto como muito bonito e inteligente. E, no fim a verdade é
que quando criam uma boa imagem de nós, ainda que seja de uma coisa passageira,
passamos a ter medo de perdê-la.
Não sei como
surgiu a ideia de criar o blog, mas o principio central era ter um lugar para
falar dos livros que eu gostava com alguém que conseguisse entender. Pobres
pessoas incultas que me rodeavam, como podiam ler tão pouco? Certamente havia
algo de errado nelas.
Mais tarde,
começaram aquelas vozes internas dizendo que as resenhas não eram boas, ou
melhor, como as de fulano que conseguiu parceria com editoras que eu nem tinha coragem de me inscrever. Sinto escancarar a realidade, mas pra muitos as
parcerias são uma coisa só: status.
Eu queria
conhecer as editoras, saber que eu ajudaria a divulgar um autor. E nem estou me
referindo a parcerias, eu só queria ser
vista. Criar uma imagem própria seria bom, então o principio do nunca
mentir acabou surgindo. Não sei se foi só impressão, mas uma vez eu senti que
poderia ter magoado um autor por dizer a verdade. Eu elogiei o livro sim, e
muito, mas às vezes eu queria que outras pessoas dissessem ao autor aquilo que
ele precisava saber e espero que tenham sido útil.
Um dos últimos
livros que eu peguei sem essa sensação de que não duraria 50 páginas é de uma
escritora especial. Não é dessas que eu mato de elogios aqui no blog, mas uma
que foi incrível na vida real. Eu senti uma pressão tão grande pra ler o livro
e gostar, que simplesmente não consegui.
Pronto,
juntou as coisas: eu não queria correr o risco de magoa-la sendo grossa sem
perceber, eu não queria demorar pra me decidir entre resenhar ou não (mas eu
sabia que ela acabaria lendo), eu tinha que ler mais, trazer resenhas... mas, novamente, eu não queria.
Faz alguns
dias em que o Green disse que já não se sentia tão bem escrevendo e eu não
imaginaria entendê-lo tão bem. Aos poucos eu retomo o habito da leitura, eu já
li alguns poucos livros desde então e prestei muito mais atenção do que
naqueles em que havia toda aquela pressão. Ninguém lia, eu sei, e ninguém
sentiu falta quando eu sumi, mas faltava que uma pessoa aceitasse cada detalhe
da minha escrita. Eu nunca vou escrever como fulano ou siclano, mas esse tempo
pra entender e rever meus hábitos em tudo o que se relacionava ao blog e aos
livros foi muito saudável e construtivo.
Vejo vocês
no próximo post ;)
gostei do post, as vzs me questiono sobre ler, mas gosto de ler, amo ler, é um hobbie prazeroso, porém compreendo o que você diz, também já passei por isso de não querer mais nada, tive minha fase de ''cai fora livros'' mas dei um tempo e voltei.
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