[RESENHA] Caçadores de Bruxas, de Raphael Draccon

Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga.
Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas.
Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer...
Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia escura de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real.
E mudará o mundo.

Autor: Raphael Draccon
Ano: 2010 / Páginas: 440
Idioma: português 
Editora: LeYa Brasil

Havia um bom tempo que eu queria ler algo de Raphael Draccon. Não sei ao certo porque ainda não o tinha lido, mas isso foi uma pergunta que permaneceu na minha cabeça durante a leitura. Por que não antes?

Já nas primeiras páginas eu me vi obrigada a dizer ao autor o quanto ele era incrível. Poucas vezes eu vi reunido num livro elementos que gosto tanto e de maneira tão inteligente. Ok, seria impossível dizê-lo pessoalmente, mas graças aos deuses (ou semideuses? ;)) o twitter existe e me permitiu que o fizesse.

Chapeuzinho Vermelho, João e Maria... eles são muito mais do que as histórias que nos foram contadas. Alguns não sabem, mas podem existir coisas relevantes antes e depois de cada uma delas. É isso que Caçadores de Bruxas nos apresenta: personagens clássicos sobre um novo ponto de vista, reinos e príncipes que gostam da plebe. Não só isso, claro, mas o trabalho feito na construção dos mesmos deve ser considerado.

Pelos meus últimos comentários, o livro pode ter soado “menininha demais” (e qual seria o problema?), mas o segredo da obra é saber mesclar vários elementos e mexer com o leitor. A história nunca é isolada ou limitada.

Draccon tece a história de um modo a nos sentirmos entrelaçados a ela. Cada viagem pelo tempo e espaço gera uma ligação tão forte ao leitor que até os mais apáticos se permitem sentir um pouco de cada personagem. O narrador, que nos dá a sensação de oralidade, permite que vejamos a história nos variados ângulos e contextos. Arrisco-me a dizer que talvez ele seja um dos melhores e mais marcantes personagens da obra.

Entretanto, em meio a tantos elogios houve uma coisa que me incomodou. Reinos em si costumam ser machistas e obviamente eles não seriam inexistentes por se tratarem de literatura. O fato é que eu não consigo simplesmente aceitar um “não é machista, lá é assim”: não devemos aceitar o machismo, mas dizer que não é para deixar algo aceitável chega a ser tosco. Havia coisas em Arzallum que poderiam sim ser consideradas um poucos machistas, e nem por isso deveriam ser retiradas, o que não as tornam boas. O que me consolou foi um tapa em forma de palavras que Áxel deu em um personagem que queria agir assim com Maria. E as mulheres poderosas que permeiam a história, elas sim compensam esses detalhes, com suas forças e habilidades (pretendo fazer um post sobre isso, futuramente).

No mais, a escrita de Draccon é envolvente e te fará ansiar por cada parágrafo, só parar descobrir como ele te surpreenderá da próxima vez. Caçadores de Bruxas é certamente uma ótima sugestão para quem quer se aventurar pela literatura fantástica ou nacional.

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