Ilustração por: HennaLucas |
Certa vez, me perguntaram, entre todos os livros que eu já
li, a qual personagem eu me senti mais próxima. Pensei um pouco, alias, tenho
tantas personagens queridas e importantes que eu poderia mencionar, não queria
sentir como se as tivesse traído. Porém, não demorei muito tempo e a conclusão
logo veio. Eleanor.
Para quem ainda não leu Eleanor e Park (e fica a sugestão),
Eleanor é gorda, tem os cabelos cacheados e gosta, entre varias outras coisas
em comum a mim, de x-man. Tanto seus problemas, quanto às características físicas
e como ela agia em determinadas situações são realmente muito próximas ao que
eu sou.
De fato, nos aproximamos de um personagem por diversos
fatores. Seja o envolvimento com a história, ele viver algo que gostaríamos e
até mesmo a aparência e detalhes bobos da personalidade. Por que não? Temos no
livro da Eleanor, uma pessoa real. Ela não foi o tipo de personagem que eu
pensei “nossa, queria ser igual a ela” porque eu simplesmente era.
Nós, seres humanos, não somos iguais, e isso pode e deve ser
valorizado. Eu quero ler um livro em que as personagens tenham as coisas que
alguns chamam de problema e simplesmente não são. Eu quero uma protagonista
tímida que não precise mudar pra vencer. Eu quero uma gorda que possa
reconhecer que é linda. Eu quero uma personagem que fuja dos padrões e
simplesmente fuja, e isso não seja o mais importante (mas ainda sim seja importante, porque nós somos importantes).
Não quero somente que eu me identifique, mas que todos
tenham acesso a essa sensação boa também. Chega de negras sendo “inferiores”,
negras também leem e existem em todas as áreas. Chega dessa necessidade de
fazer com que personagens que não acreditam no amor descubram que vão ser muito
melhores com alguém (geralmente um homem) junto a elas. Chega de personagem ter que ficar com alguém no final. Chega.
Sabe aquela sensação que Whoppi Goldberg sentiu ao dizer “Eu
acabei de ver uma mulher negra na televisão, e ela não é nenhuma empregada!”
(se referindo à Uhura, do Star Trek)? Eu quero muito mais dela, e você, se
pensar só um pouquinho, vai descobrir que quer também.
Lembro-me de uma vez um radialista ter dito sobre como nos
sentimos ao ouvir nosso nome na rádio. Nós estamos lá, somos visíveis, não é? E
é isso que a Eleanor me proporcionou. Então, que venham mais Eleanores, mas
Uhuras, mais nós.
E você, tem algum personagem, literário ou não, que você
disse “sou eu” ou “ele é igual à mim!”? Conte aí nos comentário, eu vou adorar
saber.
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