Titulo: Tramas da Cor - Enfrentando o preconceito no dia-a-dia escolar.
Autora: Rachel de Oliveira
Ano: 2005 / Páginas: 110
Idioma: português
Editora: Selo Negro

É claro que seriam chamados os pais dos dois para resolver a situação, certo? Errado. Como a menina fora a única considerada culpada, reuniram os pais apenas para que isso ficasse claro. É evidente o desespero da menina, até porque, sua mãe deixa explicito que ela não deve reagir, pois pra Deus todos somos iguais e o pastor diz que são só brincadeiras. A menina teve uma sorte improvável (incomum, pra ser mais exata), sua tia Aninha (uma não cristã!) interviu e ajudou a escola a descobrir que deveria pensar sobre o assunto.
Jéssica é uma menina que reflete muito o tratamento recebido dos colegas. Ela conta, em determinado ponto do livro, por exemplo, que não faz as atividades porque a chamaram de rainha da cocada preta por sempre acertar tudo. Pela sinopse, pode-se perceber que ela reagia aos insultos, mas isso não significa que ela também não cultivasse preconceitos pelo afro-brasileiro. Se uma religião diferente da sua já causava certo receio, imagine então aquelas chamadas de magia negra? O livro é bem real, mas não deixa de ser “mágico” vê-la redescobrindo as belezas da cultura de que descende.
O livro em si é bem pequeno, mas com diálogos grandes e bem construídos. O leitor pode facilmente pegar uma fala, que às vezes dura mais de uma página e ver a quantidade de informações contidas. É uma verdadeira aula de história com direito aos detalhes que por vezes foram negados. Por isso mesmo eu recomendo esse livro para os mais novos: crescer aprendendo que os preconceitos são infundados pode fazer uma enorme diferença, e aos professores que tiverem a oportunidade de inserir a leitura na sala de aula, por favor, o façam.
Apesar de pequeno, como já mencionado, ele é dividido em três partes, a da história, da qual eu já falei, e os seguintes tópicos:
Personagens negras da história: nele somos apresentadas a varias personalidades negras de importância histórica e que por vezes foram esquecidas. É muito importante dar a eles a relevância merecida e conhecer sua história, que reflete tanto no que somos.
Pontos de reflexão: nele somos convidados a refletir alguns pontos da história e temos também a explicação da origem de alguns termos que às vezes nem damos importância. Ainda nele, temos propostas de como incluir isso na sala de aula, com dicas bem interessantes.
Vocabulário comentado: é aí que os termos são estudados mais afundo e a reflexão talvez até seja maior do que no tópico anterior. É algo que certamente um professor de língua portuguesa conseguiria introduzir na aula de maneira útil e agradável à todos.
Eu mencionei seu uso em sala de aula por ter presenciado a importância do tratamento desse tipo de assunto. No ano passado meu irmão trabalhou a valorização de si com seus alunos em diversos aspectos e como somos brasileiros é claro que a cultura negra estaria inclusa.
Não sei se algum de vocês conhece a origem da Kindumba da Ana, mas talvez já tenha visto alguma tirinha delas pela internet. Eu tinha varias delas salvas no meu computador, até porque falam de cabelos e eu particularmente gosto deste assunto. Através dessas tirinhas e algumas fotos de mulheres negras, as meninas conseguiam se ver representadas e bonitas. É claro que não ficou somente nisso, tiveram a valorização da musica e de vários outros aspectos, o que eu quero dizer é que foi perceptível a mudança que isso fez e se você como professor tiver a oportunidade de participar disso, não negue a experiência aos teus alunos.
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